terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Naufrágio



Minha infância foi na cidade baixa, na beira do mangue, ouvindo histórias de pescador. Sereias que tiravam homens e navios do prumo eram as minhas preferidas. Mas foi no interior de Goiás, longe do sal e da amplitude das marés, que eu descobri o significado da palavra astuciosa (o velho Tião sempre repetia esse termo nos seus causos). Quarando no granito, a favor das corredeiras, ela se espreguiçava. Não vi escamas e nem ouvi cantoria. Mas foi ancorando nela que eu percebi o quanto meu naufrágio era inevitável.

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