Por muito tempo ela
acreditou (ou fingiu acreditar) que aquele porto seguro seria capaz de frear
seus instintos. Alcançou a tão sonhada quietude ao custo de uma rotina sem
palpitações. Desaprendeu o que sabia fazer de melhor. Ou seja, se permitir. Não
era infeliz, mas ninguém consegue mastigar uma vida insossa por tanto tempo.
Assim como um rastro de pólvora deseja loucamente encontrar uma faísca,
todo corpo sem tempero lambe os beiços com um punhado de sal. O tempero chegou
na pele do jovem rapaz. Um cheiro bom, que nada tinha de aromas artificias e
sofisticados, mas que restituiu à natureza da morena o sagrado direito de se
despir sem culpa. O motel a três quadras do pub foi providencial. Sobre os
lençóis, dois corpos famintos. Ele com o vigor dos vinte e poucos anos e a fúria
de quem tem pressa de viver. Ela, ofegante, suada, sorrindo, feliz. Viva. Outra
vez.
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
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