Nunca soube demonstrar interesse. Não era por maldade, frigidez ou charminho. Era o jeito dela. E ponto. Os amigos cobravam mais efusividade, os amantes exigiam frases de entrega e devoção e a família pedia doses extras de afagos públicos e explícitos. Mas apesar de tantos apelos ela continuava a amar discretamente, querer sem histeria, cobiçar sem ganância, paquerar sem alarde, se entregar sem exageros. Na realidade, ninguém sabia o quanto aquela mulher queimava por dentro (a não ser o seu gastroenterologista que descobriu semana passada a causa do maldito refluxo incendiário). Sexta-feira, num impulso sentimental, eu expulsei o que estava guardado no peito há meses: eu gosto muito de você! A resposta chegou como um tiro: ok! E antes que eu reclamasse da economia das palavras ela completou sorrindo: Não se assuste, moço. O amor nem sempre é enxurrada.
domingo, 24 de abril de 2011
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8 comentários:
Triste de quem não tem o amor como enxurrada.
Econômica, a moça. =)
Uau! Belo texto, amigo.
Nossa Panela, que frase do caralho, reflete muito bem algo que sempre tentei definir sem sucesso. Comentarei via msn com tu qualquer dia desses.
E como a menina que fez o primeiro comentário, já concordei com ela alguns anos atrás. Hoje percebi que existem amores que não são enxurradas que valem muito a pena.
Sempre um deleite te ler, meu amigo.
Sempre vale a pena ler os seus escritos!
Que texto, heim?! Virei sua leitora assídua! Que bela construção: "ela continuava a amar discretamente, querer sem histeria, cobiçar sem ganância, paquerar sem alarde, se entregar sem exageros...". Me orgulha de ser sua amiga. Bjo, Ana.
Muito bom!! e concordo com ela, nem sempre é enxurrada..Com esse texto, eu super me identifiquei :D
Essa sou eu! Sabe quando vc se vê diante do espelho? Foi assim... Ótimo texto!
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