“Quem me conhecer a partir de agora vai ter o melhor de mim”. A decisão foi tomada logo depois de mastigar o último pedaço de sanduíche natural. Desligou a luz da cozinha e foi lavar o rosto. Mas as mãos em concha não ofereciam a quantidade de água suficiente para lavar a sua nova postura. Despiu-se. Por longos minutos esqueceu as campanhas educativas e praticou o desperdício. Girou a válvula até o limite. Sob o chuveiro ficou a mercê de uma enxurrada. Imóvel. Talvez esperando o que ficou da pele antiga descer ralo abaixo. Tentou se lembrar de como era antes de morder o pão, mas não conseguiu reconstituir a sua própria imagem. Nem poderia. A mulher que escolheu ser, naquela tarde de domingo, já não estava mais subjugada a um passado de perdas recorrentes, de ciclos de covardia, de imobilidades periódicas. Estava enxuta, limpa, lúcida. Pronta para vestir uma roupa nova com estampas graúdas de recomeço.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
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13 comentários:
Quem dera um dia poder fazer o mesmo.. :)
:D
Massa demais!!
que lindo =D !
"Pronta para vestir uma roupa nova com estampas graúdas de recomeço."
É bem isso aí...
Muito bom, Panelovisk!
Beijos
Marcelo, sempre massa seus textos. Gostaria que escrevesse textos mais longos para poder me deliciar mais.
Eu até tento, mas acho que perdi o jeito e a paciência para textos longos. Acho que parte dessa “fobia” é herança do tempo em que trabalhei como redator publicitário. Ou seja, trabalhei por quase três anos enxugando conceitos em poucas palavras. Minha vida virou uma síntese. rs.
de certa forma todos nós precisamos enfrentar um "DIA D"
O recomeçar não tem data, lugar, hora estabelecida ou limitada. Mora na epifania do desejo ou necessidade de mudança. Está sempre no porvir. E vem. bjs
Lendo mentes...
A.D.O.R.E.I !!!
Sempre me surpreendo com a autenticidade em seus textos, eles cativam com facilidade... Preciso dizer o óbvio? Você escreve muito, mas muito bem.
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