
Cruzou a longa tira de asfalto como uma descarga elétrica. Fulminante. Cortou sinais e infringiu leis, como se estivesse fugindo de mil demônios. Realmente estava, mas para exorcizá-los precisaria muito mais que uma bíblia, água benta e versículos em latim. Por isso escolheu um templo a céu aberto, sem altar, lustres e vitrais. A rua estreita e mal iluminada, a multidão e o seu burburinho, risos fartos, olhares libertinos, coxas, quadris, decotes e pescoços esperando por uma mão carinhosa e atrevida. A cidade baixa era o seu segundo lar. Bebeu para abrir os caminhos, abraçou velhos amigos, gargalhou sem cerimônia e sambou nos paralelepípedos cobertos de história. E quando já parecia estar saciado eis que surge a moça de pele clara. Aqueles olhos verdes denunciavam claramente a sua intenção. Entrou em pânico. E numa atitude desesperada o boêmio, visivelmente nervoso, sussurrou para o amigo do lado:
- O que eu faço agora?
O beijo da moça chegou antes da resposta. Assim como a chuva que começava a cair sobre o antigo casario.
9 comentários:
Olá, Panela! Seus textos são sempre ótimos =) Bjo
Que esta "chuva" chegue sem avisar mais e mais vezes, e surpreenda e o deixe feliz como a benção final de todo esse ritual... beijo, Panelovisk.
Coisas que só um casario antigo proporciona. Preciso descer mais à Ribeira.
Acho que está na hora de você pensar em escrever um livro...eu gostaria muito de ler um livro seu. ;)
Acho que está na hora de você pensar em escrever um livro...eu gostaria muito de ler um livro seu. ;)[2]
texto perfeito adoro a ribeira é o centro dos boemios e dos encontros inesperados
favoritei o blog
Que texto gostoso. :)
Beijos, Panela.
falaê marceleza.
^que beleza, meu velho... não sei se já te falei, mas tô fazendo uma compilação dos teus escritos. quem sabe a fdp produções não publica...? valeu, meu véio.
M.
Meu Negro Gato, raro como uma Pérola Negra!
Te dolo, Xêro.
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