segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Segunda pele

O sol já estava alto quando ela decidiu abandonar o habitual excesso de sofisticação. Diante do espelho teve a certeza que naquele corpo já não cabia “ares de Europa”. Era hora de assumir, de uma vez por todas, a sua brasilidade. Hora de se deixar levar pela natureza do lugar que escolheu viver. E assim, um a um, os antigos acessórios caíram por terra. Deixou para trás amarras, sisudez e sobriedade. Permitiu-se. Daquela manhã em diante coxas, seios, ombros, curvas e sorrisos saíram do anonimato. Era hora de se exibir, de causar estragos, de ser desejada. Escolheu o pub da moda para estrear a sua segunda pele. Foi devorada na beira do palco, entre os pedais e a mesa de som. Sob a benção do Led Zeppelin e os olhares de uma pequena multidão de voyers excitados.

2 comentários:

Isabela Santos disse...

E seus textos, como sempre, tropicais.

Sara disse...

"Era hora de se exibir, de causar estragos, de ser desejada." Ui!