Eram incapazes de identificar notas de jasmim, canela, sândalo ou gardênia, mas mesmo assim insistiam em descobrir a fragrância da ruiva sentada na cadeira ao lado.
- Isso é perfume francês, mané!
- Boy, pode ser até sabão de coco. Não faz diferença. Ela é gostosa de todo jeito.
Enquanto a inútil discussão rolava na mesa a garçonete enchia as tulipas. Retirou a garrafa vazia e voltou para o balcão. Ficou a esperar o aceno de um novo cliente, o pedido da madame, a exigência de um boçal qualquer. Na mão direita, lápis e papel, no pensamento, um desejo quase insano de sobrevivência: tirar da pele o maldito cheiro de roupa guardada.