domingo, 29 de agosto de 2010

De grão em grão


Nunca acreditei na felicidade como um pacote. Normalmente ela vem em pequenos pedaços, fios, nacos, lascas. Por isso aprendi desde cedo a “lamber os beiços” com porções econômicas. Vamos encher o nosso pote, baby. Mas sem correria, desatino e estardalhaço. De grão em grão. Ao fim da semana teremos um banquete. E então, longe dos franco-atiradores, dormiremos em paz, saciados de corpo, gozo e alma.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Cicatrizes

Você seria capaz de produzir uma crônica que tivesse como tema uma cicatriz do seu corpo? Esse questionamento inútil veio a tona nesses últimos 12 dias que fiquei trancado em casa, me recuperando de uma pequena cirurgia. Sabe como é... Mente vazia é oficina do diabo. A ideia é simples. Convidaria um número “x” de amigos e cada um deles escreveria sobre uma cicatriz do corpo. Reconheço que a tarefa, em alguns casos, poderia ser dolorosa. Afinal, corre-se o risco de se reviver lembranças não muito agradáveis. Mas acho que, ainda assim, o resultado seria instigante. Teríamos um apanhado de histórias de vários gêneros, do drama a comédia.

Eu tenho uma cicatriz na testa que entraria facilmente na segunda categoria. Consegui a marca batendo de frente em um poste. Detalhe: eu estava caminhando. Como eu consegui essa proeza? Isso você só vai descobrir quando comprar o livro “Cicatrizes”. Na realidade, o projeto só existe na minha cabeça. Portanto, ainda dá tempo de você vasculhar a sua pele em busca de algum vestígio que valha uma boa história. Aliás, vale tudo. Marca de bala, faca, vidro, prego, gilete, mordida, estilhaço, galho de árvore, queimadura... Mas, pelo amor de Deus, não force a barra só pra conseguir um espaço no livro. Lembre-se: automutilação é fim de carreira.

sábado, 14 de agosto de 2010

Me diz que eu sou seu tipo


Tenho amigos que deliram com motores e cifras. Minhas ambições sempre foram mais acanhadas. Mas ontem saí de casa com um propósito: quebrar a banca. Apostei alto. Empenhei todo o meu reino (com dragão e tudo). Queria a morena na ponta dos pés, estrangulando meu pescoço, esmagando vértebras, rasgando a minha carne com os caninos do desejo. Naquela noite eu só queria ser o tipo de alguém.