
O garçom estava arrumando as cadeiras quando ele se aproximou e fez a pergunta:
--- Já está aberto?
O homem mostrou o polegar em sinal de positivo. O suficiente para os dois entrarem no bar, ainda vazio para aquele horário, e escolherem sem nenhuma pressa a melhor mesa. Ela queria um lugar aonde pudesse sentir a brisa. Por dois motivos simples: aliviar o calor desumano e levar para longe a fumaça que seguramente viria com a conversa. Então, um a um, os elementos foram postos sobre o tablado de madeira: a cerveja, o petisco, o cinzeiro. E assim a noite começou. Com um gosto bom de saudade consumida, cevada e pimenta. Naquela mesa não estava apenas um homem e uma mulher, mas duas almas completamente desarmadas, regidas por um delicioso sistema de afinidades, açoitadas diariamente por desejos muitas vezes não atendidos, dispostas a colocar (cada uma a seu modo) o pingo no i das paixões.
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