Ela achou estranhíssimo
aquele abraço no primeiro encontro. Na realidade, considerou como invasão de
privacidade. Como é possível abraçar alguém que você acabou de conhecer? É um
despautério. Um aperto de mão ou um beijo no rosto seria mais correto e
sensato. Mas um abraço... Porra... Era demais. Voltou pra casa resmungando.
Resmungou por horas. Dois dias se passaram e os resmungos continuavam
atazanando o juízo. Precisava colocar um ponto final naquele tormento.
Descobriu o telefone do estranho e ligou pra o sujeito.
-- Alô?
--- Oi Danilo, é Lucia... Amiga de Flávia. A gente se conheceu no fim de
semana...
--- Oi Lucia! Tudo em
paz?
--- Mais ou menos...
--- O que aconteceu?
--- Por que me abraçou naquela noite? Você nem me conhecia...
--- Desculpa. Eu gosto de abraçar as pessoas. É uma coisa que eu faço
naturalmente. Não foi nada premeditado. Juro. Mas não vai mais acontecer.
Prometo.
--- Como assim não vai mais acontecer? Você quebra a porra das regras, subverte
o procedimento padrão, desperta um desejo que eu nem mesmo sabia que estava
guardado no peito e quer tirar (literalmente) o corpo fora? Te vira, boy! Eu
não quero ficar como uma adolescente ansiosa esperando por um novo esbarrão
acidental no corredor...
Foram vistos na fila do cinema tentado criar vínculos oficiais. Desta vez todos
os procedimentos de aproximação foram seguidos corretamente.
sábado, 3 de novembro de 2012
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