sábado, 24 de abril de 2010

Gastos Tabuleiros


Não tenho mais paciência para jogos. Guarde o sorriso matador, baby. Desvie o olhar de promessa para o outro lado da calçada. Feche o primeiro botão da blusa, pare de mexer o cabelo, desacelere a gesticulação, diminua o tom da voz. Aliás, talvez seja a hora de você começar a prospectar novos adjetivos para que seu ego não morra de inanição. Meus lábios já estão cerrados. Não, não há mais tempo para a última jogada. Seria inútil. Dados perdem força, velocidade e precisão em gastos tabuleiros.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tampa não cai do céu



Enquanto isso na linha 48 (Santos Reis/Campus)...

- Você me ama?

- Claro que sim!

- Muito?

- Muito.

- Jura?

- Juro, juro, juro.

A essa altura do campeonato eu já estava impaciente no banco de trás. Ainda ensaiei uma intervenção do tipo: “Meu irmão, por que você não exige logo da sua namorada uma declaração com firma reconhecida. Na subida da Rio Branco tem um cartório”. Não disse. Só pensei. Mau humor operando na capacidade máxima. Segundo um amigo, mestre dos provérbios e citações, o caminho é sempre mais curto com alguém do lado. Disse isso depois de beber uma dose de Serra Limpa. Um sábio. Não pelas palavras, mas pela escolha da cachaça. Mas acho que eu entendi as entrelinhas. A vida só se dá pra quem se deu. E eu ainda esperando que a tampa da minha panela caia do céu. Acorda, meu filho. Do céu só cai água, neve, granizo, raios e Tupolev.