sexta-feira, 3 de julho de 2009

Adeus vida vulgar!


Vou viver de atrevimento, de malícia e rebolado*. Disse isso olhando para o espelho, rindo e calibrando o decote da blusa amarela. Foi até a cozinha e bebeu rapidamente o seu achocolatado, como se o mundo fosse acabar antes da primeira aula. Só diminuiu o ritmo no derradeiro gole, aquela pausa mágica para lamber os beiços. Deixou para trás o copo sujo e uma postura antiga. Aproveitou o tempo de espera no elevador para dar os últimos retoques na aparência, afinal, não queria cruzar a portaria dentro de um corpo que já não era o seu. Realmente não passou despercebida. Chico, o porteiro, disse para o amigo Buarque: “Boy... Essa menina se fez mulher como a muito tempo não costumava ousar.” E foi ali, exatamente naquela manhã de sexta-feira, que a morena aprendeu a provocar e botar fogo no circo, no prédio e na própria vida. A sua passagem deixou bem mais que um aroma gostoso de hidratante. Deixou também um rastro de queixos caídos.
* Frase retirada do Blog da Camila